Glutamina e seu efeito sobre os exercícios de alta intensidade
Nutrição
Nutricionista: Julia Lepri Longas
Glutamina e seu efeito sobre os exercícios de alta intensidade
A glutamina é o aminoácido livre mais abundante no músculo e no plasma humano, sendo também encontrado em concentrações relativamente altas em muitos tecidos. Nutricionalmente ela pode ser classificada como um aminoácido não essencial, uma vez que pode ser sintetizada pelo organismo a partir de outros aminoácidos, entretanto, estudos recentes questionam a classificação da glutamina como um aminoácido não essencial, pois em situações críticas como, traumas, cirurgias e exercícios físicos exaustivos, a síntese de glutamina não supre a demanda exigida pelo organismo.
A glutamina exerce diversas funções no organismo, o que reforça o papel relevante deste aminoácido tantos em estados normais como fisiopatológicos. Dentre suas funções, destaca-se: participa da transferência de nitrogênio entre os órgãos, destoxificação de amônia, manutenção do equilíbrio acidobásico, possível regulador direto da síntese e degradação proteica, necessária para o crescimento e diferenciação celulares, fornece energia para as células do sistema imune, promove melhora na permeabilidade e na integridade intestinais, aumenta a resistência a infecção por aumento da imunidade, fornece energia aos fibroblastos, aumentando a síntese de colágeno.
Durante o exercício, a oxidação de aminoácidos não é a principal fonte de energia, mas sua utilização pelos músculos é muito relevante para manter o fluxo de substratos em atividades de longa duração. Exercícios prolongados demandam elevação do metabolismo de aminoácidos para a síntese de amônia, então a concentração de glutamina no musculo tende a aumentar durante os primeiros minutos de exercício, porém sua liberação supera a síntese de glutamina no decorrer do exercício e a concentração intracelular tende a diminuir, esse aumento da síntese e liberação de glutamina pelos músculos ocorre como um recurso para prevenir o acúmulo de amônia durante o exercício.
Sendo assim, o exercício intenso e prolongado promove um aumento da síntese e liberação de glutamina pelo musculo esquelético, aumentando a concentração desse aminoácido pelo plasma durante o exercício. Entretanto, no pós exercício, no período de repouso, estudos tem demostrado que essa concentração de glutamina no plasma diminui, isso deve-se ao fato, de diversos órgãos e células promoverem a captação e a utilização de glutamina durante e após o exercício, como é o caso dos rins (quanto mais intenso o exercício, maior é a produção de íons hidrogênio, e consequentemente, maior é a demanda dos rins para neutralizarem a acidose provocada), e no fígado (aumento da captação de glutamina no fígado para a síntese de glutadiona, que é um antioxidante utilizado para combater os radicais livres gerados pelo exercício físico).
Como já disse em outros textos anteriores, o exercício físico influencia negativamente na imunidade do atleta, isso ocorre pela diminuição plasmática de glutamina, as células do sistema imune utilizam esse aminoácido como substrato energético e precursor para a síntese de proteína e de bases nitrogenadas.
Dessa forma, o estresse induzido pelo exercício parece ser o fator de desequilíbrio sistêmico entre a liberação/síntese e a captação/utilização da glutamina. O excesso de treinamento provoca alterações em parâmetros bioquímicos, diminuindo a atividade da enzima glutamina sintetase, consequentemente afetando sua disponibilidade no organismo.
A glutamina pode ser encontrada em alimentos de origem animal e vegetal, como: carnes, ovos, derivados do leite, soja, trigo e feijão. Contudo, pelo que foi elucidado, a suplementação de glutamina pode ser necessária em atletas de alto rendimento, que praticam exercícios de alta intensidade e duração prolongada.
