Nutricionista: Julia Lepri Longas
Cafeína como recurso ergogênico no esporte
A cafeína é uma substância encontrada no guaraná, chás, mate, chocolate e café, capaz de excitar e/ou restaurar as funções cerebrais, por ter efeito potencial sobre o sistema nervoso central.
A utilização da cafeína do mundo esportivo, tornou – se evidente no século 19 na primeira edição da “Corrida de Seis Dias”, em 1879, quando os atletas participantes resolveram utilizar bebidas contendo cafeína afim de suportar o grande esforço requerido, e a partir disso a cafeína passou a ser estudada como recurso ergogênico em atletas que praticavam atividades aeróbicas e anaeróbicas.
A cafeína é uma substância absorvida rapidamente, pelo trato gastrintestinal e com aproximadamente 100% de biodisponibilidade (é toda absorvida pelo organismo).
Acredita – se que a cafeína possua mecanismos de ação central e periférica que desencadeiam importantes reações metabólicas e fisiológicas que contribuem para a melhora do desempenho. A primeira teoria que pode explicar o efeito ergogênico da cafeína durante o exercício físico, é a relação da mesma com o sistema nervoso central, capaz de aumentar a excitabilidade neural, otimizar o recrutamento das unidades motoras, e aumentar o estado de alerta e humor.
Uma outra teoria investigada pressupõe o efeito da cafeína em coprodutos do musculo esquelético. As possibilidades incluem: alterações de íons sódio e potássio, inibição da fosfofiesterase, possibilitando aumento na concentração de monofosfato cíclico de adenosina, gerando efeito direto na regulação metabólica de enzimas semelhantes as fosforilases, aumento na mobilização de cálcio através do reticulo sarcoplasmático, o que leva consequentemente há um aumento nos níveis intracelulares de cálcio nos músculos, facilitando dessa forma, a estimulação – contração do musculo esquelético e aumentando a eficiência da contração muscular.
Por fim, uma terceira teoria que diz respeito ao aumento na oxidação das gorduras e a redução na oxidação de carboidrato. Estudos sugerem que a cafeína pode causar aumento na mobilização dos ácidos graxos livres dos tecidos e/ou nos estoques intramusculares, esse efeito ocorre de forma indireta por meio do aumento na produção de catecolaminas na circulação, particularmente a epinefrina ou diretamente antagonizando os receptores de adenosina, um importante regulador do metabolismo lipídico, que normalmente inibe a mobilização dos ácidos graxos livres, aumentando a oxidação da gordura muscular e reduzindo a oxidação de carboidrato.
Portanto, mais estudos são necessários para se estabelecer o real mecanismo do efeito da cafeína na melhora do desempenho esportivo, mas sabe – se que a mesma é eficiente principalmente em exercícios aeróbios e anaeróbios como recurso ergogênico. O que deve – se levar em consideração é quantidade ingerida, doses de 10 a 15 mg/ kg de peso corporal não é recomendada, pois os níveis plasmáticos podem alcançar valores toxicos. Os autores sugerem que doses de 3 a 6 mg/kg é o suficiente para a melhora do desempenho esportivo sem causar toxidade.