Nutricionista: Julia Lepri Longas
Alterações da permeabilidade intestinal em corredores
A alteração da permeabilidade intestinal permite o fluxo de agentes do lúmen para a mucosa, o que resulta em inflamação tecidual com posterior disfunção da barreira gastrointestinal.
Uma das principais causas de quedas de rendimento em corredores são os sintomas gastrointestinais relativos ao exercício físico intenso, os atletas queixam – se de diarreia, urgência, incontinência retal, sangramento retal e dor abdominal. O tipo de treinamento, a intensidade e a alimentação antes e durante o exercício apresentam um papel importante na etiologia de dano gastrointestinal.
Estudos sugerem que a fisiopatologia dos sintomas gastrointestinais nos corredores são principalmente agitação mecânica, devido a hipertrofia do musculo que pressiona o trato gastrointestinal (TGI) durante a corrida e o estimulo mecânico da mucosa intestinal pela ficção e distensão libera peptídio vasoativo intestinal (PVI) e prostaglandinas (PG), o que causa secreção intestinal e pode produzir diarreia secretória. Além disso, a corrida e o movimento das vísceras abdominais, que promovem extensão e distensão da parede do intestino, podem ser responsáveis pelo aumento de PG sistêmica, com isso, há uma aceleração do transito intestinal e a inibição da contração colônica. O que pode ocorrer também em corredores é que exercício promove a redução do fluxo sanguíneo para o mesentério, aumentando a permeabilidade intestinal, além da redução da absorção de alguns carboidratos e outras substancias no lúmen, e esses carboidratos ficam transitando pelo cólon, o que eleva a osmolaridade, a fermentação bacteriana e a formação de gases com possíveis distensão abdominal, cólicas e flatulências.
Sem contar que, a desidratação que é frequente em corredores, pois há uma dificuldade de beber água durante as provas, também pode prejudicar a função gastrointestinal, pois a perda hídrica reduz o volume sanguíneo e, com isso, agrava o já reduzido fluxo sanguíneo no TGI que ocorre durante o exercício físico. A desidratação pode resultar em produção de radicais livres, depleção de ATP (gera energia), acidose e disfunção celular, o que contribui para ruptura da barreira intestinal. A disbiose, muito comum também em atletas de endurance, que é a alteração na microbiota intestinal caracterizada por disfunção colônica, na qual há um predomínio de bactérias patogênicas, esse distúrbio pode provocar mudanças fisiológicas no ambiente intestinal, autoimunes, metabólicas e alérgicas, interrompendo as funções da microbiota. Sem contar que, uma alimentação rica em proteínas pode agravar o caso de infecções intestinais, por a proteína não digerida ser fermentada pela microbiota colônica. E o consumo de sulfatos contribui para o crescimento de bactérias patogênicas no intestino.
A função intestinal inclui processos que envolvem a digestão de alimentos e a absorção de nutrientes (produção de nutrientes, produção enzimática e hormonal e várias outras atividades de defesa, tanto imunológicas quanto mecânicas, contra agressões do ambiente externo), entre outras atividades, dessa forma nosso intestino deve estar sempre funciona bem, todos os dias, e sem períodos de diarreia ou de constipação intestinal, principalmente no caso dos atletas que podem ter perda de performance. Por isso a alimentação correta e adequada ajustada á pratica esportiva é de suma importância para evitar essas alterações na permeabilidade intestinal, dentre as principais recomendações, evitar a desidratação, se necessário ingerir bebidas esportivas com concentração de 6% de carboidrato, consumo de glutamina melhora a função da barreira intestinal, o consumo de ômega 3 exerce influência positiva sobre a resposta inflamatória, algumas vitaminas e minerais com zinco, vitamina A, B6, B12, C, ácido fólico e ácido pantotênico e os probióticos e prébioticos que promovem benefícios por meio da modulação da mucosa, dentre outros recursos que podem ser utilizados.